OPINIÃO | 'Empresas como Uber, Rappi, Ifood e Loggi exercem um gerenciamento algorítmico obscuro, impondo arbitrariedades na definição do ritmo e valor do trabalho', por Salvador Schavelzon
Mas a identidade ou afinidade com a esquerda partidária está longe de ser o que prevalecia entre os entregadores que organizaram as paralisações, assim como dos milhares que somando no movimento ou desligando o aplicativo nos dias dos protestos, aderiram ao Breque dos Apps. Pela sua forma auto-organizada e selvagem, a greve dos entregadores lembra em parte.
Na luta dos entregadores, entre a primeira e a segunda paralisação teve lugar a intervenção de grupos de direita que atuam em redes sociais. Em um contexto diferente ao de antes da chegada ao Governo, no entanto, a direita se posiciona de forma externa ao movimento, oposta à paralisação dos entregadores.
No centro da discussão, aparece o debate sobre a possível formalização e regulamentação da atividade. Depois do primeiro Breque, deputados protocolaram projetos e o sindicato do setor , movimentou processos no Tribunal de Trabalho, com a perspectiva anunciada de buscar o reconhecimento no marco da CLT para os entregadores de aplicativo.
A auto organização e luta dos entregadores tem conseguido visualizar o conflito com empresas que preferem inviabilizar os trabalhadores na promoção de uma marca que se apresenta como facilitadora do consumo direto entre estabelecimentos comerciais por parte de clientes, ou que esconde a dívida do trabalho não pago no discurso da ajuda para entregadores acidentados e empreendedorismo de oportunidade.
No momento em que a guerra entre os entregadores e os aplicativos do capitalismo de plataforma está declarada, a ampla adesão à greve se mostra como melhor resposta ao trabalho precário que, com cumplicidade do Estado, é imposto para além de qualquer legislação, pela capacidade tecnológica de administrar milhões de entregas com poucas empresas, determinando taxas no limite do possível.
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