Essa história macabra expõe não só a loucura de Érika, mas o descaso geral com idosos
Érika, cuidadora de Paulo Roberto Braga, morto aos 68 anos. Entre as dúvidas, uma certeza: a negligência com idosos dependentes — Foto: Reprodução
Todo mundo por aí culpando a cuidadora pelo crime de vilipêndio de cadáver, com intuito de ganhar R$ 17 mil de um empréstimo. Vilipendiar significa menosprezar, ultrajar, tratar com desprezo e sem o devido respeito o cadáver e suas cinzas. Mas Paulo Roberto já devia, em vida, ser menosprezado. Vilipendiado. Por todo mundo. Pela sociedade.
Peritos não conseguiram precisar a hora em que ele morreu, apesar de indícios de que teria morrido deitado. Não cravaram se a cuidadora o levou morto de casa ou se morreu no trajeto para o banco, num carro de aplicativo. Caso Érika já o tenha levado sem vida e passeado com ele no shopping, não é apenas negligente. É louca. Desorientada. Personagem de filme de Hitchcock.
Esse caso macabro expõe muito mais que a insanidade, incompetência ou má-fé de Érika e, talvez, de outros envolvidos. Expõe o descaso geral que a sociedade normaliza. Exemplos? Uma longa reportagem no GLOBO no domingo. Pacientes idosos enfrentam pressa e omissão em atendimentos. Muitos médicos jovens não têm paciência para escutar doentes mais velhos e lentos. Acham que tudo é “problema natural da idade”.
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