Por décadas os palestinos israelenses denunciam serem tratados como cidadãos de segunda classe G1
Por décadas, as tensões entre árabes e judeus dentro de Israel foram canalizadas de forma pacífica — Foto: Getty Images/BBC
No entanto, "as imagens mais surpreendentes de todas são da violência comunitária dentro de Israel", de acordo com Natan Sachs, diretor do Centro de Política para o Oriente Médio do Instituto Brookings, um centro de estudos com sede em Washington, nos EUA. De acordo com o Índice de Democracia de Israel de 2020, 81% dos entrevistados árabes afirmaram que os membros dessa comunidade desejam se integrar ao país e fazer parte dessa sociedade. No entanto, apenas 35% acreditam que o governo de Israel é democrático no que se refere ao tratamento dos cidadãos árabes, o que representa uma queda de 10 pontos percentuais desde 2017.
Ele acrescenta que muitas destas leis foram implementadas a partir da chegada de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, ao poder em 2009. A norma, que foi atualizada e modificada desde então, estabeleceu depois que essas limitações se aplicam a homens com menos de 35 anos e a mulheres com menos de 25 anos.
"O Estado indicou que havia razões de segurança, dizendo que se milhares de palestinos adquirissem a cidadania israelense por meio do casamento, era provável que alguns deles fossem terroristas. A Suprema Corte aceitou esse argumento, mas acho que foi um erro", explica Fuchs à BBC News Mundo. O especialista concorda com as organizações pró-Palestina que argumentam que esta lei é uma resposta a "preocupações demográficas".
Fuchs, por sua vez, considera equivocadas as críticas a esta legislação, uma vez que, segundo ele, a lei não estabelece nenhuma discriminação entre aqueles que têm cidadania israelense. O analista questiona que a lei estabeleça os assentamentos judeus como um "valor nacional", cuja promoção e consolidação devem ser almejadas; que o direito à autodeterminação é exclusivo do povo judeu; e que a língua árabe foi "rebaixada" de uma língua co-oficial para uma língua especial.
O especialista sustenta que essa omissão não foi um equívoco, uma vez que "os promotores da lei tentaram mudar o equilíbrio estabelecido pela Suprema Corte durante anos de veredictos que estabelecem que o fato de Israel ser a terra dos judeus não significa que você pode discriminar os árabes". "Pelo contrário, faz com que se sintam alienados e cidadãos de segunda classe, e esse é um grande erro que espero ser corrigido um dia."A ocupação, o controle e a propriedade da terra desempenharam um papel central na formação do Estado de Israel.
A Lei de Terras de Israel, aprovada em 1960 com status constitucional, proíbe a transferência da propriedade das terras do Estado que são administradas por diferentes entidades e que, normalmente, as alugam com contratos de longo prazo. Iraqi argumenta que o efeito de muitas leis, políticas e instituições relacionadas à questão fundiária é que os árabes israelenses acabaram ocupando cerca de 3,5% do território, apesar de representarem 20% da população.
"Isso significa que posso fazer uma solicitação e ser rejeitado porque o comitê de admissão considera que, por ser árabe, não vou me encaixar no tecido social dessa comunidade", diz Iraqi."Escrevemos muito sobre ela no Instituto de Democracia de Israel. Eu estava no Knesset quando foi aprovada. Tentamos impedir, mas não conseguimos", relembra.
"Basicamente, é uma tentativa das instituições de Israel de silenciar e impedir qualquer tentativa de exaltar a Nakba", acrescenta.